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Fundos precisam investir com responsabilidade

01/06/2011, publicado por

Profissionais de fundos de pensão e ambientalistas reuniram-se na última quarta-feira durante o 2º Seminário: A Sustentabilidade e o Papel dos Fundos de Pensão no Brasil, realizado pela Abrapp, no Rio de Janeiro. O objetivo foi debater a importante contribuição que os fundos podem oferecer ao planeta se incluírem em suas políticas de investimentos uma visão socialmente responsável.

O debate levantou uma questão conflitante: o sistema econômico versus a preservação ambiental. Para o economista-chefe do Santander Asset Mannagement, Hugo Penteado, a premissa de utilizar o PIB (Produto Interno Bruto) como principal indicador macroeconômico para mensurar a atividade econômica dos países, estimula de maneira desenfreada o consumo e a produção, priorizando a economia em detrimento do planeta e das pessoas. “Precisamos acabar com o mito de que o meio-ambiente é inesgotável”.

Para os fundos de pensão, pensar em sustentabilidade é essencial, já que o seu negócio exige perenidade. O especialista alerta que os investidores precisam estar atentos ao potencial de retorno das empresas e acrescenta que “as antenadas com a preservação do meio-ambiente estão em vantagem e apresentarão melhores resultados no futuro”.

Marcus Madureira e Nemrod Costa, ambos da Previ, mostraram a experiência e as boas práticas de investimentos da entidade. Também abordaram a importância de os fundos aderirem ao PRI (Princípios para o Investimento Responsável).

Tasso Azevedo, consultor de Clima e Florestas, demonstrou a atual condição do planeta e projetou um futuro preocupante no que diz respeito, principalmente, à reserva de água, utilização de energia não renovável e aumento de temperatura. Ele acredita que o Brasil precisa pensar em conservação, já que o País depende dos recursos naturais para movimentar a maior parte da economia.

Diversidade
Mas o seminário não tratou apenas de investimentos financeiros. O tema diversidade também esteve em pauta. Teresa d’Amaral, superintendente do IBDD (Instituto Brasileiro dos Direito da Pessoa com Deficiência), ressaltou a responsabilidade de as empresas valorizarem a mão de obra e darem oportunidade aos portadores de deficiência, já que este é um direito. Para ela, o potencial destas pessoas não pode ser desperdiçado.

No que se refere à diversidade de gênero, o tema foi abordado por Hildete Araújo, editora da Revista Gênero, da Universidade Federal Fluminense. A feminista fez um levantamento das principais conquistas para as mulheres e esclareceu que o desafio atual é a equiparação salarial. Apesar de muitos avanços, dados da PNAD 2009 (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios) revelam que metade das mulheres economicamente ativas recebe até um salário mínimo. No caso dos homens essa média cai para um terço. Além disso, a mulher recebe o equivalente a 71% da remuneração masculina. Outros assuntos como licenças maternidade e paternidade e construção de creches também foram abordados.

O debate sobre construções mais conscientes, os green buildings, encerrou os trabalhos do dia. E em tom bem-humorado, o grupo teatral da Fundação Real Grandeza encenou a peça “As mulheres”, que divertiu a todos com uma reflexão sobre a dupla jornada e o dia a dia das mulheres.